quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

o dia em que o amor morreu


O amor morreu numa tarde de terça-feira.
Sem grandes alardes, sem sirenes tocando, sem estardalhaços ou gritos desesperados que o mundo costuma esperar quando se morre alguém tão querido.

Era um dia como outro qualquer, desses com gente correndo, hora passando, horário atrasando.
Nesses dias em que a gente acorda cedo e vai seguindo o itinerário.
Segue, anda, para, respira, sorri, se cansa, come, corre, volta e vai.

No dia que o amor morreu, a manhã amanheceu chuvosa e fresca.
Não era feriado nacional, não acontecia nada de extraordinário no mundo.

O amor morreu sem agonizar de doença grave, sem sentir dores profundas, sem sangrar, sem proferir gritos ou gemidos.

O amor não deu suspiros de adeus, não lamentou o não vivido, não agradeceu aos céus ou pediu perdão.
O amor não pediu uma última chance, não suplicou misericórdia em recompensa dos seus bons atos, não se sentiu merecedor de oportunidades de recomeço.

Não, o amor não se matou de descrença.
Nem morreu de tédio.
Não mataram o amor a pancadas.
O amor não foi assassinado pela dureza do mundo, nem das gentes.

O amor morreu de morte morrida.
Morreu após percorrer seu caminho, escrever sua história, causar alguns sobressaltos, outros tantos sorrisos.

O amor morreu de alívio, depois de sentir seu papel cumprido.
E ainda dizem por aí que continuou vivo, no gosto do abraço do encontro, no cheiro do toque da pele, nas lembranças dos dias simples – naquele espaço e tempo em que pareceu ser eterno.