quarta-feira, 30 de março de 2011

talvez

Talvez o que me estrague seja a pressa.
A conhecida pressa de decidir a vida numa tarde.
De escrever um romance inteiro numa página.
De voltar à velha forma num fim de semana de jejum.
Talvez o que me afogue seja o tempo.
Que me confunde o dia com meses.
Que me atropela os desejos no fim do dia.
Que me paralisa ao perceber as suas horas.
Talvez o que me tortura sejam as certezas.
Disfarçadas de talvez.
Camufladas por sorrisos.
Trancadas aqui dentro.

domingo, 13 de março de 2011

porque os sonhos pesam

Ahh! Não adianta.
Não adianta declarar guerras contra a natureza.
(não contra a sua própria).
Cansei da trincheira e das balas.
De mim, nunca consegui ganhar mesmo.
Mas há sempre retiradas estratégicas.
Vou aproveitar que amanhã é segunda.
Vou começar uma dieta.
Rica em silêncio e frutas da estação.
E pobre em calorias, distrações e afetos.
Vou trabalhar a musculatura do corpo.
E quem sabe a forma da alma?
Porque as idéias, meus caros, são complicadas.
Os afetos, traiçoeiros.
E os sonhos, por vezes perdem a sutileza.
Perdem a graça.
E pesam.

terça-feira, 8 de março de 2011

ouvindo Chico


Por favor, me tirem da noite.
Do riso e do canto estridentes.
Por favor, me tirem do meio da casa.
E levem embora as gargalhadas frenéticas.
Os rostos e os olhos do meu pensamento.
Eu quero hoje é barulho de chuva.
Abraço apertado.
Risada meio contida.
Eu quero hoje é sessão de cinema.
Comida fresca na mesa.
Cheiro de café no meio da tarde corrida.
Eu quero hoje é brincar de inverno.
Com manta, meia, chapéu e carinho.
Fechar os olhos e sentir o beijo frio do vento na pele.
Eu quero mesmo é brincar de matar a tristeza.
Sem choro, careta ou rabugice.
Eu??? ahh o que eu quero...
Eu quero mesmo é estar de pernas pro ar.
Ouvindo Chico.