quarta-feira, 21 de março de 2012

incompletude





Há quem colecione selos, quem colecione títulos, quem colecione livros. 
E é feliz por isso.
Há quem colecione idéias e sonhos que nunca conseguirão ser mais que simples quimera.
E pode ser bem triste.
Mas mais triste que uma coleção incompleta é a sensação de incompletude da vida.
A sensação de que falta, de que “quase...”
A sensação de que não foi ou não pode ser.
Aquela coisa que se sente e que no popular e nas poesias das gentes se encontra como “a saudade daquilo que não se viveu”.
Ahh a incompletude da vida! 
Esse vazio que nasce no peito relativo de cada um.  
E que dói.
Mas que também passa, com novas cores que um dia essa mesma vida traz, ou finge, por gostar tanto de brincar de ilusões.

segunda-feira, 19 de março de 2012

em silêncio



Esse silêncio que não cala vai tomando forma.
E me tomando conta.  
E me roubando o ar.
E me matando as horas.
Queria eu poder matá-lo com um grito agudo.
Ou com a indiferença.
Ou com tranqüilidade.
Esse silêncio que me ensurdece e não me deixa ouvir meu mundo.
Me confunde as certezas.
Me aflige o peito.
Me estremece as vísceras.
Queria eu poder matá-lo com uma gargalhada alta.
Dessas que a gente solta e enrubesce a face.
Dessas que a gente só tem quando se escuta as próprias idéias.
E as reconhece.