domingo, 23 de maio de 2010

prefiro sozinha


Desisto.
Escolho o silêncio.
Tapo os ouvidos.
Fico com minhas ruminações.
Essa porta escancarada trazia brisa gelada.
Mas também poeira demais.
Me deixava alérgica.
Em asfixia.
Saio dos ruídos.
Nem me interessam os sussurros.
Entre a violência do mundo e a minha.
Ainda prefiro meus demônios.


sexta-feira, 7 de maio de 2010

você em mim



O que  seus olhos me trazem é pleno, é único.
Sua contemplação dos meus devaneios me inspira.
Me aquece.
Me incita as elucubrações no meio da correria urbana.
Me leva de volta ao mundo que é só meu.
Mas que lhe cabe.
O que a sua voz me oferece é calma.
É quietude paradoxal que me desacelera.
Mas que me desperta a efervescência das ideias.
É serenidade possível.
É desconforto que me acende a alma.
O que seu cheiro me permite é fantasia.
É retorno à brisa não transitória no corpo.
É sonho.
É saudade.
O que sua presença me doa é ternura.
Transcende o encontro.
Me cobre de afeto.
Me impulsiona os suspiros.
E me coroa as certezas de tudo o que sou.
E de tudo o que desejo.

sábado, 1 de maio de 2010

depois da peça


Encerrado o espetáculo é hora de recolher o cenário, as roupas e os restos.
Fui protagonista esvoaçante,agora tenho os braços repletos de coisas.
Os ombros cheios de sonhos e pedaços.
Pedaços de outros,pedaços meus.
A casa que outrora fervilhava de vida se acalma, se aquieta.
O silêncio nem incomoda, não é mais retrato do vazio.
É intenso e carrega consigo os sorrisos perdidos.
As palavras de paixão.
As lágrimas de entendimento.
Os suspiros de pura verdade.
O silêncio alucina.
Torna denso o espaço oco e me permite seu cheiro e meu desejo.
Retiro as sobras.
Apanho as migalhas de afeto misturadas aos rastros concretos do mundo.
Deixo a casa pronta pruma nova estréia.
Deixo a casa vazia dos lixos.
E ainda impregnada de vida.