quarta-feira, 27 de abril de 2011

aquela menininha de sempre



E por desconhecer da verdade do mundo e das coisas
Hoje procuro nas ciências e no esoterismo a resposta pra sua visita
Essa sua aparição no meio da calmaria das idéias soltas
Perdida numa tarde vulgar
Em meio a restos de pensamentos e desejos calados da alma
Te ouço as palavras ditas ao coração
Tantas coisas  estranhas aos olhos, tão simples
Que me diz com a naturalidade do encontro dos que se amam
E que nem sempre dizem, fingindo ignorar o amor retraído e mudo
E por não saber se creio nas artimanhas do inconsciente,
Nas faculdades do espírito ou nas vicissitudes do acaso
Vim lhe dizer dos meus afetos que mantive comigo
E que frente a sua face preservada pelo meu mundo
Percebi não querer mais deixar como morto
Digo que os afetos existem 
E são ainda tão fortes como no tempo dos sorrisos
E que as lembranças são tão doces 
Como tardes de brincadeira de infância
Digo que sua presença sempre terá lugar aqui dentro
E que os ânimos exasperados foram apenas uma página 
De tantas da nossa história
Que também teve amor incondicional disfarçado
Cara feia escondendo vontade de abraço
E distância com desejo de colo
Vim dizer que não tenho mais aquela impulsividade tola da meninice 
E nem o pranto
Sou mulher agora, ácida 
E ainda carrego comigo muitas lágrimas - de alegria e de dor
Vim lembrar você que nosso encontro, nesse mundo 
Já é desencontro, agora.
Me despeço.
Quem sabe, com sorte, muitos dos crêem tenham razão
E nos encontraremos nas outras tantas vidas 
(que talvez nos estejam reservadas)
E você me reconhecerá facilmente
Serei aquela menininha de sempre
Que te aparecerá no caminho com os braços abertos.

domingo, 10 de abril de 2011

porque o domingo amanheceu



E porque o domingo amanheceu de lábios escancarados
Acordei numa preguiça grande.
Preguiça dessa gente faladeira, desassossegada.
Dessa gente animada, que nem sente lesera de manhã.
Desses, que nem sabem ficar enroscados em cima da cama.
E porque o domingo amanheceu azul demais
Me assustei em não ter saudade do cinza
E ter assim tanta saudade sua.
Do seu cheiro, da sua pele
E dessa sua facilidade de reclamar do mundo inteiro.