quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

despedida

Ela acorda pela manhã com aquele sorriso amarelo de quem foi enganada por Cronos. Já é novo dia.
Ainda deitada ouve a cidade. Os ruídos da rua lhe confundem as idéias; se misturam aos pensamentos que ainda parecem adormecidos - cheios de fantasias e restos de tantos outros dias.  
 Levanta da cama após sua prece matinal. Não. Não pede pela paz do mundo, pelos desabrigados, pelas família ou por seus amores platônicos. Pede para que o sol esteja preguiçoso e quem sabe? Para que o meteorologista (cujas previsões andam menos confiáveis que as do astrólogo da revista de fofoca) tenha tido a sorte grande de acertar a posição daquela frente fria.
_ Ahh! Nada como um dia entre nuvens... suspira.
Mas o dia está claro, ensolarado e feliz.
Da janela do quarto vê o mundo agitado  e o congela em pensamento. Muda suas cores, os cheiros, sua forma. Enxerga esse mundo com seus olhos cinza e o colore a seu gosto, com tamanha intensidade como se dele nem mais fizesse parte. Como espectadora o coordena.
Ao assistir o tempo, constrói um universo sem pressa. Abafa os barulhos. Delega aos que passam um trajeto alternativo e motivos singulares. Troca a corrida pelo horário pela expectativa de encontrar quem se ama. Afirma que as caras feias do mundo são apenas caretas.
O telefone toca e a realidade lhe grita. 
No fundo sabe que segue só.
No peito, traz consigo a melancolia do caminhar solitário e um pouco de tormento. 
E ainda assim a leveza de poder partir.
Suspira pela última vez. 
Deixa escorrer dos olhos uma única lágrima e se sente livre por estar alheia.


Um comentário:

  1. Oi, amigaaaaa... amo suas postagens... escreva mais! Às vezes me identifico pra caramba..

    Quando vc escrever um livro, compro o primeiro exemplar autografado pelo dobro do preço... :)

    Bjim!
    Cássia

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