sábado, 1 de maio de 2010

depois da peça


Encerrado o espetáculo é hora de recolher o cenário, as roupas e os restos.
Fui protagonista esvoaçante,agora tenho os braços repletos de coisas.
Os ombros cheios de sonhos e pedaços.
Pedaços de outros,pedaços meus.
A casa que outrora fervilhava de vida se acalma, se aquieta.
O silêncio nem incomoda, não é mais retrato do vazio.
É intenso e carrega consigo os sorrisos perdidos.
As palavras de paixão.
As lágrimas de entendimento.
Os suspiros de pura verdade.
O silêncio alucina.
Torna denso o espaço oco e me permite seu cheiro e meu desejo.
Retiro as sobras.
Apanho as migalhas de afeto misturadas aos rastros concretos do mundo.
Deixo a casa pronta pruma nova estréia.
Deixo a casa vazia dos lixos.
E ainda impregnada de vida.

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