sábado, 17 de setembro de 2011

ainda que sozinha



Os olhos delas são vermelhidão e tinta preta.
No meio da noite, chega a conclusão de que andar sozinha é menos dolorido do que ser interpretada.
Ela não suporta mais a sensação de ser despida de suas emoções e idéias pelas tentativas frustradas de decodificação dos seus lamentos.
Ela só quer ter o direito de estar triste e chorar.
Ela só precisa se sentir amparada e não de juízes para definir o certo, o errado, o norte ou a falta dele nos seus devaneios e sofrimentos.
Ela procura um abraço quente. Um sorriso acolhedor e palavras doces que lhe aconcheguem o pranto. Mesmo que esse pranto não tenha nome ou sequer possa ser racionalmente compreendido.
Ela precisa de sossego e calma. 
Ela precisa deixar que suas lágrimas caiam sem ter que acolher os que se ofendem com elas.
Ela não quer mudar o mundo nem ninguém. 
Ela só quer aprender a não sofrer pelo que não pode mudar. 
E seguir a vida.
Ainda que sozinha.

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