terça-feira, 13 de abril de 2010

pela metade


Levanto pela manhã com a certeza de que preciso de mais um dia inteiro de cama macia, travesseiros enroscados e despertador estragado.
Não é mau humor ou tristeza. Ou melancolia ou angústia.
É cansaço. Preciso de férias.
Preciso de férias de mim mesma e das minhas idéias.
Preciso dum dia de inverno com vento cortante que bate na face, um cappuccino com chocolate, um cigarro e uma leitura instigante.
E no meio duma tarde inteira, me prender aos devaneios poéticos dum escritor qualquer que me fale à alma e me faça não lembrar do fogo interno que me corrói as entranhas e não me deixa tranquila.
E me perder autisticamente num colo imaginário de amor e cumplicidade incondicionais que me façam sentir viva sem me sentir em brasa.
Simplesmente porque estou cansada dessa velha história de se discutir se o copo está meio cheio ou meio vazio. De que me importam as perspectivas?
O copo está pela metade.
E nunca soube realmente viver pela metade.

2 comentários:

  1. As doidas que não sabem ter ou viver nada pela metade... vai entender essas negas malucas!!!

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  2. adorei esse finalzinho.
    viver pela métade não faz sentido algum, não tem graça e nem sabor. tem que ser por inteiro e intenso.

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