terça-feira, 6 de abril de 2010

alívio e dor

alivio
E aquele aperto no peito de vontade de te ver tem agora outro nome. Não é mais espera.
E aquela fala desenfreada que preenchia o tempo antes da sua chegada, subitamente se calou.
E aquele calor que me acendia o peito em brasa, hoje é frio e me rasga a carne.
E aqueles sorrisos de moleca que eu permitia saltar dos lábios, amarelaram-se.
E aquela certeza que me guiava os dias me abandonou pelo caminho.
E aquela sensação de poder ganhar o mundo evaporou-se em meio aos fatos.
E aquele desejo de pular de pára-quedas virou medo de não sobreviver ao baque.
E aquelas lágrimas de contentamento apenas me deixam nebulosos os olhos.
E aqueles planos que me enfeitavam os tempos me torturam a alma.
E aquele colo que me serenava a loucura agora simplesmente me enlouquece.
Hoje, desvendados os olhos, posso ver o mundo sem as cores que iludem e distorcem.
Hoje, sem os ruídos das palavras doces, posso captar a mensagem por detrás das falas.
Hoje, com os sentidos aguçados, experimento o gosto amargo e doce da verdade escondida e me reinvento.
Hoje sou paradoxo.
Sou misto de alívio e dor.

Um comentário:

  1. Será melhor o baque da queda ou a ilusão fluorescente? Vc está no rumo "certo"...
    Firme e adiante!
    É nóis.

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